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quinta-feira, 19 de maio de 2011

LIVRO DIGITAL PRIMEIRA EDIÇÃO - FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA - CONTINUAÇÃO

Carta escrita por Arlindo Ribas de Oliveira, são três belas poesias transcritas pelo Tio Arlindo da“Casa Velha”. Homem público e de caráter ilibado que adorava poesias.

Curitiba, Guabirotuba,

Para Você
Que neste dia 18 de abril de 1995 veio me dar um abraço e rezar comigo debaixo das “velhas árvores” neste meu querido cantinho de Curitiba onde eu nasci, em Ação de Graças e Louvor à Nossa Senhora da Luz pelo transcurso do meu 80º aniversário de Batismo, eu agradeço de coração!... Leia por favor, as três poesias, e use sempre: “DELICADEZA, RESPEITO, GRATIDÃO”, viva Feliz 90 anos, pelo menos!...

                                                                                                                                                                                                             
– VELHAS ÁRVORES –
                                      (Olavo Bilac)

Olha estas velhas árvores, mais belas,
Do que as árvores novas, mais amigas;
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedora da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
 E em seus galhos abrigam-se as cantigas
 E os amores das aves tagarelas. 

Não choremos amigo, a mocidade!
Envelhecemos rindo! Envelhecemos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!...

– A VELHICE –

Entra pela velhice, com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado
Sonhos de glória, ilusões de amores!

Do que tiveres no pomar plantado,
Apanha os frutos e recolhe as flores,
Mas, lavra ainda, e planta o teu eirado
Que outros virão colher, quando te fores!

Não te seja a velhice enfermidade,
Luta contra as tibiezas da vontade
Alimenta no espírito a saúde.

Fica firme, o teu ardor não mude,
Mantem-te jovem, pouco importa a idade,
Tem cada idade a sua juventude!...

– SE ÉS CAPAZ –
              (Rudyard Kipling)

SE ÉS CAPAZ de manter a tua calma quando
Todo o mundo em redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto, achas uma desculpa;

SE ÉS CAPAZ de esperar sem te desesperar,
Ou enganado, não mentir ao mentiroso
Ou, sendo odiado, sempre do ódio te esquivar;
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

SE ÉS CAPAZ de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses impostores;

SE ÉS CAPAZ de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refaze-las com o bem pouco que te reste;

SE ÉS CAPAZ de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;

SE ÉS CAPAZ de forçar coração, nervos, músculos, tudo
E dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exausto, contudo
Resta à vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!...


SE ÉS CAPAZ de, entre a plebe não te corromperes,
Entre Reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade; e



SE ÉS CAPAZ de dar segundo por segundo
Ao minuto fatal, todo teu valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo que existe no mundo,
E – o que ainda é muito mais -, és um homem, meu filho!...

                                                    ARLINDO RIBAS DE OLIVEIRA

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