A Associação Cultural Lanteri há mais de 30 anos ocupa lugar de destaque no cenário cultural da grande Curitiba pela qualidade do seu trabalho e de suas propostas inusitadas, levando cultura à grande massa popular. Desde sua origem o grupo mantém como característica principal “o teatro feito pelo povo para o povo”. Seus integrantes são voluntários, pessoas de todas as idades, religiões e classes sociais. A qualidade artística oferecida pelo Grupo Lanteri e a dedicação de seus inúmeros participantes cria uma relação íntima entre espectador e espetáculo, fato que se repete todos os anos. E esta identificação público-espetáculo faz com que sempre novos integrantes queiram fazer parte do Grupo Lanteri.
Tudo começou em fevereiro de 1978, na Paróquia São Paulo Apóstolo, localizada na Vila São Paulo, de um bairro da periferia de Curitiba. O ator e diretor Aparecido Massi, que coordenava um grupo de teatro amador da paróquia, resolveu montar naquele ano a “Paixão de Cristo”, para encená-la nas ruas daquele bairro. O primeiro passo foi arrumar o elenco. Então, Massi, com o auxílio de quatro amigos, saiu pelas ruas do bairro à procura de atores amadores e, poucos dias depois, conseguiu reunir 40 jovens para a encenação. Depois do elenco estar pronto, era a vez de arrumar os figurinos e novamente a solidariedade e a criatividade foram primordiais. Com dinheiro emprestado e com o envolvimento dos parentes dos novos “atores”, Massi montou um figurino reciclável que serviria não somente para a “Paixão de Cristo”, mas para qualquer outra peça teatral que o grupo viesse a realizar. Desta forma, com inúmeras dificuldades, mas, acima de tudo com muita dedicação é que foi criado o espetáculo “Vida, Paixão e Morte de Jesus Cristo”, que hoje é tradicional na capital paranaense e que se tornou o cartão de visitas do grupo. Para pagar o que devia, o grupo montou uma peça chamada ”Regresso”, que foi apresentada em diversos bairros e municípios vizinhos. Além de conseguir sanar a dívida, o figurino foi ampliado para o ano seguinte.
A partir disso, outras surpresas aconteceram. O elenco aumentou para 90 integrantes, com a participação de “atores” de outras paróquias da região e o aparecimento de um envelope misterioso com uma doação anônima, que serviu para aumentar o figurino. No início, figurinos e cenários eram feitos por colaboradores do grupo, inclusive as crianças também participavam. Todo trabalho era realizado da forma mais artesanal possível, descobrindo-se entre os integrantes, excelentes sapateiros, desenhistas, artesãos, enfim, verdadeiros artistas.
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